Pousada Doce Encanto – Santa Rosa de Lima (SC)
Por Wilson “Feijão” Schmidt, professor aposentado e amigo da Acolhida na Colônia
“Muito felizes por atender e colaborar com pessoas que precisam”
Continuamos, neste Informativo, com a apresentação das famílias de agricultores que, com o produto do seu trabalho, compõem a cestas distribuídas pelo Orgânico Solidário. Persistimos, da mesma forma, no reconhecimento e na valorização do papel que as mulheres têm na gestão e no trabalho dentro da agricultura familiar. Nossa entrevistada é a Leda, da comunidade Rio dos Índios, em Santa Rosa de Lima. Os sobrenomes dela – Oenning e Assing – indicam suas origens em famílias alemãs que migraram para o Brasil no final do século XIX e começo do XX. Com a experiência de contar sua vida e de relatar sua rotina de muita labuta para os hóspedes que recebe na pousada da família, Leda tem uma fala pausada e é muito clara.
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A família Oenning Assing e sua história
O grupo familiar estendido é composto pela Leda, pelo esposo Valnério; pelo filho Valdecir (Val), a nora Andréa e os netos Bernardo e Daniel (“os gêmeos”, que são a grande alegria da “Mota”); pela filha Lucilene (Lú) e o genro Alden; e pelo caçula e provável sucessor na propriedade, Luís Roberto, o Bê. Aqui fica uma dica. Se o leitor quiser conhecer o cotidiano de um adolescente rural de forma não estereotipada, veja “As quatro estações”. O filme retrata, justamente, a vida do Bê, ao longo de um ano. Tem roteiro e direção de Lícia Brancher e está disponível na internet: <https://www.youtube.com/watch?v=ytOlVOAtFwc>.
Sobre a “propriedade”, Leda relembra: “Herdamos esse terreno do pai do Valnério. A terra era do bisavô dele, passou para o avô, depois para o pai, até chegar a ele. E, até hoje, nessa terra, a gente mora e produz. Começamos em 1984, com a produção de leite e carvão vegetal, para ter renda. E plantávamos de tudo para o gasto [autoconsumo]. Depois, começamos a plantar fumo. Aí vieram esses químicos todos e os venenos [agrotóxicos]. Mas, nos levávamos as crianças (Val e Lú), com a gente, quando ia trabalhar na roça e viu que não daria para continuar usando veneno.”
A transição para a produção orgânica
Leda continua a recordar e a contar: “a conversão para a agricultura orgânica ocorreu em 1998. Iniciamos com a produção de melado orgânico, depois de construirmos uma agroindústria. E continuamos plantando de tudo para o uso da família”. “A produção orgânica trouxe muitos benefícios para nós. A gente começou a plantar de forma ainda mais diversificada. Hoje, temos uma diversificação muito grande. E tudo orgânico! O que é muito gratificante”, avalia nossa entrevistada. E, naquele tempo, outra novidade surgiu. Os Oenning Assing fizeram parte do grupo de pioneiros na implantação da Acolhida na Colônia: “Colocamos uma pousada. A estufa de fumo foi reformada e adaptada para receber turistas. Aí, a gente também começou a vender o que produzia direto para esses visitantes. Porque os hóspedes procuravam alimentos orgânicos e em venda direta.”
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O impacto da Covid-19 e o papel do Orgânico Solidário
“No ano passado, quando entrou essa pandemia, ficou bem difícil para nós. Porque o turismo parou e, assim, ficou difícil para a gente vender. Por isso, foi muito legal o surgimento do Orgânico Solidário. Porque a gente está conseguindo vender os nossos produtos. E também porque ficamos muito felizes por estar atendendo e colaborando com pessoas da cidade que precisam. Ficamos contentes em saber que elas estão recebendo, nas cestas, os orgânicos que produzimos com tanto cuidado e carinho”, finaliza Leda.