PET Educampo Conversa

O PET EduCampo Conversa se originou pela demanda de saber mais sobre a (o) palestrante, sendo realizado logo após o primeiro Pet EduCampo Convida. Com o passar do tempo esta ação se complexificou, ganhando aporte como atividade de pesquisa e extensão. 

A ação é a possibilidade de conversar com o(a) convidado(a) para saber mais sobre quem é e sobre a experiência a qual está vinculada. É caracterizada pela pesquisa biográfica realizada detalhadamente sobre a(o) palestrante e a experiência de educação popular na qual está inserida(o). A pesquisa dá subsídios para composição de um roteiro de entrevistas preparados para aprofundar em questões específicas e que não necessariamente serão abordadas como foco da palestra. Estas conversas duram cerca de 30min a 40 min, são gravadas e registradas na forma de fotografias e realizadas pelos bolsistas. A sistematização desta entrevista resulta na produção de um texto para a página do Pet EduCampo e também, para parte do capítulo do livro que está sendo construído e que contará sobre tais experiências de educação popular a ser lançado pelo PET EduCampo.


PET CONVERSA COM BEL SANTOS MAYER

Bel Santos Mayer, educadora social que transformou vidas através das palavras, cursou magistério e é formada em matemática.  Alfabetizava moradores das favelas paulistas e, por seu trabalho, conseguiu uma bolsa de estudos na Itália.  Lá, cursou Metodologias Pedagógicas com especialização em Pedagogia Social. Teve, do outro lado do Atlântico, contato com uma das maiores referências de educação popular no mundo, o brasileiro Paulo Freire. Voltando a São Paulo, encetou o trabalho com bibliotecas comunitárias, dando início a uma nova jornada. Como Bel diz, “o jeito de começar é sempre perguntar: o que eu posso fazer para essa situação ser melhor? Qualquer situação que apareça”.

Imagem: Brazil Foundation / Legenda: Bel Santos Mayer

No dia 13 de julho de 2018, o PET Convida teve o privilégio da presença de Bel para uma conversa.  A estudante que conduziu a entrevista foi Kátila Stefanes. Destacamos um ponto.

“Vida ou morte? Vergonha ou orgulho? Perguntas e respostas de jovens e educadoras de uma biblioteca instalada em um cemitério”

A biblioteca “Caminhos da Leitura” e seus impactos em Parelheiros -SP

Bel: O primeiro impacto é você ter uma biblioteca dentro de um cemitério. Na casa de um coveiro. Então, as pessoas… meio que duvidavam.  E havia a ideia de ter jovens, o que repercutiu na região.

O nome “Caminhos da leitura” foi escolhido depois de uma consulta que esses jovens fizeram na comunidade. Eles foram para as ruas. Tinha três sugestões de nome e as pessoas podiam votar. Então, para as pessoas já era interessante ver jovens indo perguntar qual é o nome de uma biblioteca.  Porque as pessoas não confiam muito nos jovens… Acreditar no poder dos jovens, que vai para além da questão do livro e da leitura? Jovens que, muitas vezes, não podem decidir nem onde vai se colocar o sofá dentro da casa deles, porque quem decide são as mães. Já na biblioteca, eles decidem onde vai ficar a estante, eles decidem onde vão ficar os livros. São eles que abrem. São eles que fecham. São eles que organizam a agenda. Eu estou lá uma vez por semana. Tem semanas, como essa, que eu nem estou lá.  São eles que “tocam”. São eles que fazem a biblioteca acontecer.

Hoje, quando você “joga” Parelheiros no google, uma das primeiras coisas que aparece é a biblioteca comunitária. Então, é um orgulho. Mudou a imagem do lugar.

➔ Leia mais da entrevista com Bel Santos Mayer

Bel fala sobre: Biblioteca, livros e ação;

Bel fala sobre: Desafios presentes;

Bel fala sobre: Elementos da história de militância;

Imagem: Petiano Lucas Furtado / Legenda: Petiana Kátila Stefanes entrevistando Bel Santos Mayer

 

 

 


PET CONVERSA COM ALEMBERG QUINDINS

Alemberg Quindins, experiência da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri, em Nova Olinda, sertão do Ceará. Conversa realizada em 16 de agosto pelas bolsistas Cynthia e Maria. 

Confira matéria realizada com Alemberg pelo telejornal universitário da UFSC, Conexão: Do sertão cearense a Florianópolis: UFSC recebe criador da Fundação Casa Grande. https://noticias.ufsc.br/2018/08/do-sertao-cearense-a-florianopolis-ufsc-recebe-criador-da-fundacao-casa-grande/


Tião Rocha. Foto: Cythia

PET CONVERSA COM TIÃO ROCHA

Tião  Rocha, experiência do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), em Minas Gerais: Belo Horizonte, Curvelo, Araçuaí ; e Maranhão: São Luís. Participaram da conversa em 18 de setembro, o bolsista Lucas e as bolsistas Dara e Cynthia.  

Confira gravação feita pela TV UFSC: Série Diálogos: https://goo.gl/kRf4Cq                               

Tião Rocha, Vera, Lucas e Dara. Foto: Cynthia

 

 

 

 

 

 

 


PET CONVERSA COM ABDALAZIS DE MOURA

Abdalazis de Moura, experiência de criação do SERTA (Serviço de Tecnologia Alternativa) e Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável / PEADS, em Ibimirim e Glória de Goitá, Pernambuco. Participaram da conversa em 06 de novembro os bolsitas Antony e Diones, e professor Sílvio. 

Abdalazis de Moura, Conceição, Antony e Diones. Foto: Silvio


PET CONVERSA COM ROSÂNGELA BONETTI VANDERLINE

No dia 21 de outubro de 2019, o PET Convida teve o privilégio da presença de Rosângela para uma conversa.  O estudante que conduziu a entrevista foi Diones Reis. Destacando pontos:

Rosângela Bonetti Vanderlinde, natural de Santa Rosa de Lima, tem 45 anos, casada, tem 4 filhos, agricultora familiar agroecológica, vinda de família de pais agricultores. Parou 4 anos de estudos porque não tinha escola próxima, depois de 4 anos retornou à escola, onde percorria diariamente 23 km para conseguir concluir o Ensino Fundamental. Para concluir o Ensino Médio, foram 10 anos devidos as condições, porque não tinha condições de frequentar o ensino médio normal. O objetivo era concluir o ensino médio para um dia realizar o sonho de fazer uma graduação. Entrou na Licenciatura em Educação do Campo em 2012 (Primeira turma), no início não queria por que achou que não teria a capacidade, pelo fato de ter ficado tantos anos fora de uma sala de aula. Por incentivo dos professores Wilson “Feijão”, Beatriz e Thaíse, continuei, muita gratificante a eles. “Minha vida sempre foi, eu queimei carvão de mata nativa, queimei carvão de eucalipto, plantei fumo, morei na cidade. Essa é minha história, mas de muita gente também. Passou pelo mesmo processo, não faz isso porque gosta mais sim por necessidade econômica”.

Com o credito fundiário, foi possível adquirir uma propriedade. Parou de plantar fumo pela saúde. Havia um gasto muito alto com medicamentos, prejudicando a saúde. Entre saúde e dinheiro, escolhemos saúde. Como essa nova propriedade era uma área degradada, desde do inicio buscamos sobre o orgânico porque conhecíamos um pouquinho sobre o assunto. Primeiramente foi feito análise de solo, precisava muita matéria orgânica, curva de nível, adubo verde. Levou 5 anos para começar a colher alguma coisa, começou a surgi ervas daninhas, euforia total pois estava nascendo outra coisa no solo, era um sinal bom. Em 2009 se associou a Acolhida, então começou a desenvolver um pouco mais a agroecologia, um processo mais complexo de envolvimento na propriedade.

Com filhos pequenos, e o marido trabalhando fora porque precisava, só nos finais de semana ele ajudava. Foram 10 anos para ter algum retorno, 5 de correção de solo e mais 5 pra ter renda. Em 2012 passou no vestibular em Educação do Campo, em Santa Rosa de Lima, nessa época já tinha propriedade estruturada, tinha conhecimento, mas não o cientifico. A universidade agregou muito na formação que eu precisava, professores colaboraram bastante.

Teve pouco apoio dos órgãos públicos, apenas o dinheiro pelo credito fundiário pra comprar terra, pouca assistência técnica. Teve um Pronaf para infraestrutura e só. Muita dificuldade pra fazer financiamento em Bancos, como os programas Pronaf mulher, Pronaf agroecologia e quando consultávamos o banco, sempre tinham a mesma resposta que “não operavam”. Uma alternativa foi de trabalhar por conta própria, de produzir os compostos e fertilizantes pra não precisar buscar de fora, assim diminuiria os gastos. Porque se fosse de depender do banco, era muito difícil conseguir.

“Com a primeira certificadora que trabalhamos, não ficamos contentes, pois apenas pagávamos pela e certificação e só”. Então buscaram a certificação da Ecovida, inicialmente não facilitou mais venda, mas acrescentou na nossa propriedade, proporcionou visitas a outras propriedades, cobrando responsabilidade sobre a propriedade. No geral, a Rede Ecovida é um grupo e se policia a colaborar.

Conhece a Acolhida da Colônia desde seu início, entrou em 2009, pelo fato de não ter propriedade antes, começou a receber os primeiros grupos de turistas, que foi turismo técnico. Cada vez mais foi trabalhado a propriedade. Em 2010, foi o turismo pedagógico, já em 2012 começou a pousada. E hoje é fundamental essa relação com a Acolhida, ela proporcionou o conhecimento via Educação do campo, sendo uma das entidades que levou a Educação do campo para lá. A Acolhida nos proporcionou fonte de renda, transformação na propriedade, agregou muito conhecimento, se tornando amigo dos agricultores(as), e principalmente envolvimento de toda a família no trabalho. “Quando chega um grupo pra visitar nossa propriedade, desde a recepção que você vai servir um café, todo mundo tem que saber da propriedade, tem que estar envolvido e gostar do que está fazendo”.  A acolhida proporcionou também as saídas das propriedades pra conhecer melhor, valorização do meio rural, valorização do produto, além de conhecimentos sobre questões ambientais.

     “A questão da mulher no campo pra mim, foi tranquilo, sempre tive apoio do meu marido. Meu sonho sempre foi comprar um pedaço de terra e trabalhar na terra, nunca quis trabalhar como empregada, acho que não sirvo pra isso”, como orgânico sempre foi muito atraente, avistou ali uma boa oportunidade de empreender. Mas era aquele processo, de quem manda na propriedade, preconceito cultural que ainda tem. Particularmente quando não é na família. Por exemplo, quando chega alguém de fora, sempre perguntam pelo homem da propriedade, quando ele não está. Voltam outra hora, sem dar importância se a mulher está ou não está, se ela poderia ajudá-lo em algo. Infelizmente isso ainda ocorre.

Nosso foco é em formação e conhecimento, investir na propriedade para se ter retorno. Nossa família se apoia, se ajuda para o bem de todos. “Meus filhos querem todos ficar na propriedade, estão saindo pra estudar”, assim que se formarem, retornaram já especializados na área que escolheram. Isso tudo ajuda a crescer e permanecer na propriedade.

Imagem: Petiana Débora Goulart / Legenda: Diones Reis entrevistando Rosângela B. Vanderlinde.