Sío Florbela – Sertão do Ribeirão / Florianópolis (SC)
Como tudo começou
Em 2013, Elaine Guimarães e Sérgio Araújo procuravam um lugar para produzir alimentos orgânicos e “viver de forma mais conectada com os ciclos da natureza”. Acharam, então, uma bela área no Sertão do Ribeirão (da Ilha). A área ficava dentro da Unidade de Conservação (Monumento Natural – MONA) da Lagoa do Peri. Naquele momento, venderam uma sala comercial que tinham no centro de Floripa e efetuaram a compra. Nascia, assim, o Sítio Flor Bela. Junto com as filhas, Mariah e Dora, Elaine e Sérgio logo começaram a dividir seus tempos e suas vidas entre “o urbano” e “o rural”.
A “caminhada” na produção e seus princípios
Sete anos depois, o casal “pega junto”, na produção dos alimentos, na colheita e na entrega do que é vendido. Na produção e colheita têm o apoio de dois trabalhadores: o Marlon e o “Sêo” Sebastião. Mariah “ajuda um pouco no plantio e nas colheitas, cuida da comunicação e entrega cestas”. Dora “participa das colheitas e cuida dos animais”.
Sete anos depois, Elaine analisa:
“Nossa produção sempre foi orgânica. Nesse tempo, ela foi se aprimorando. Plantamos em Sistemas Agroflorestais (SAF). É uma forma de produzir alimentos recuperando os solos. Buscamos aproveitar toda a energia que há no Sítio e trazer de fora o mínimo de energia possível. Também fazemos as roças consorciadas, como faziam, aqui na ilha, os nossos antepassados. É plantar juntos o feijão, o aipim, o milho, a abobora, a melancia… Assim, a gente aproveita melhor o que põe na terra e o tempo para trabalhar a terra. […] Nós plantamos o que as pessoas comem normalmente, mas também plantamos o que elas não estão acostumadas a comer. Procuramos observar na natureza o que está disponível e tem valor nutritivo. São alimentos que nossos avós utilizavam e parou-se de usar”.
O destino da produção
Uma parte do que é produzido no Sítio Flor Bela é consumido pela própria família, que busca uma alimentação diversificada e saudável. Outra parte é servida para visitantes que participam de eventos no Sítio. A família é associada à Acolhida na Colônia e pratica o “acolhimento” em “turismo rural de base comunitária, com uma Educação Ambiental que proporciona o contato direto com a natureza e com a agroecologia”. Do que é vendido “para fora”, uma parte vai para “pessoas que preparam cestas” e outra, para restaurantes.
E a crise sanitária da Covid-19?
Com a “quarentena” houve uma quase paralização de canais de venda usados pela família. Esse encolhimento se combinou com um aumento da produção do Sítio Flor Bela. Elaine, mais uma vez, é serena: “Neste momento, o que mais importa é a gente estar fortalecido, estar com saúde boa e com pensamentos bons, para enfrentar o que está aí e o que vem pela frente”. A agricultora finaliza: “É também um momento de aprendizado em que a gente percebe que pode nutrir pessoas como a gente – trabalhadores – com alimentos sãos e com os ideais de uma sociedade com abundância para todos. Porque todo mundo merece!”