Recanto dos Orgânicos – Santa Rosa de Lima
No início da comunidade de Santa Catarina, no pequeno município rural de Santa Rosa de Lima, existe uma bela ponte coberta. Como aquelas dos tempos antigos. Logo que se passa essa ponte, à esquerda e na margem direita do Rio do Meio, o visitante se depara com uma bela “baixada” plantada com mais de “trinta tipos de produtos alimentares”. São hortaliças, tubérculos, verduras, frutas, chás e temperos. É dali que vieram os produtos que compõem as cestas desta semana.
A propriedade, chamada Recanto dos Orgânicos, também recebe visitantes e é associada à Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia.
A família responsável pela produção orgânica e pelo acolhimento de turistas é composta por cinco membros. A agricultora Adelir Cerny (38 anos) e o agricultor Dauri Floriano (40 anos) é que asseguram a mão de obra e a gestão da unidade de 11 hectares (equivalente mais ou menos 15 gramados de futebol de campo). Da área total, três hectares (aproximadamente 4 campos de futebol) são conservados com mata nativa. Moram ainda na propriedade, os filhos Wagner e Vinícius e a filha Viviane. O primeiro e mais velho, “trabalha fora”. O segundo, adolescente, estuda e “ajuda na roça e no acolhimento de turistas”. A moça gosta mesmo é de estudar (terminou o Ensino Médio), mas também contribui na preparação dos produtos (lavação, limpeza etc.) e na montagem de cestas.
História do Recanto dos Orgânicos
Há vinte anos Adelir e Dauri plantavam tabaco em terras que não eram deles. Para comprar “o seu próprio canto”, resolveram “pegar um empréstimo no banco, para pagar em fumo”. O casal mudou para a área em 2002.
No começo, com a pressão de pagar a terra, plantaram fumo “em todo e qualquer espaço da baixada”. Mas, logo, como conta Adelir, “o Dauri se intoxicou com os venenos [agrotóxicos] do fumo e a gente começou a plantar também umas verdurinhas… e começou a fazer uma feira na praça de Santa Rosa de Lima”.
Dauri viu, então, que se o fumo podia (ou não!) um “bolo de dinheiro uma vez no ano”, com as verduras, “o dinheiro era pingadinho, mas garantido, sempre entrava”. E os custos eram bem menores… Além disso, havia “a qualidade de vida da família”. Por isso, a área de verduras foi crescendo e a de fumo foi minguando.
Até que houve um incentivo à produção de produtos orgânicos na agricultura familiar, através do Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal. “Aí [em 2006], abandonamos o fumo e mudamos 100% para a produção orgânica”, relembra Adelir. E completa: “a gente tem que trabalhar bastante, mas essa conversão à agricultura orgânica trouxe muita coisa boa”.
As vendas e a Crise da Covid-19
O escoamento da produção de Adelir e Dauri ocorria na feirinha que realizam no município, pela CooperAgreco (Cooperativa dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral) e através parcerias que mantêm com outros produtores orgânicos que realizam feiras ou entregam cestas em Florianópolis.
Com a pandemia, Adelir relata: “Tivemos que parar a feira por um mês. A CooperAgreco parou um mês e meio. Os parceiros, a mesma coisa. Depois foi melhorando um pouco. O que está nos salvando são as cestas e o Orgânico Solidário”.
Perguntada sobre o que significa participar desse programa, Adelir fala com entusiasmo: “Eu me sinto muito bem. A gente está vendendo o produto da gente e está ajudando a alimentar bem quem está precisando.”